Em um reino onde a noite era eterna e o céu, um vasto oceano de estrelas, vivia um velho guardião que dedicava sua vida à contemplação dos astros. Do alto do maior observatório, ele passava as noites estudando seus brilhos, suas danças silenciosas e os mistérios que seguiam além do tempo.
Para os habitantes da vila abaixo, o guardião era um enigma. Alguns diziam que ele conhecia o futuro, outros acreditavam que seu olhar alcançava segredos invisíveis. Mas ninguém ousava perguntar—pois ele falava pouco e observava muito.
Certo dia, um jovem aprendiz subiu ao observatório, determinado a obter respostas. Seu coração estava cheio de dúvidas, e ele sentia que sua vida era um caminho incerto, envolto em sombras.
— Mestre, qual é o segredo das estrelas? — perguntou ele. — Elas brilham sem esforço, enquanto nós, aqui embaixo, tantas vezes nos sentimos apagados.
O velho guardião sorriu levemente.
— As estrelas brilham porque não tentam brilhar — respondeu. — Elas apenas **são**. Não duvidam de sua luz, não questionam seu papel no céu. Você já olhou para dentro de si e reconheceu sua própria luz?
O jovem franziu a testa. **Luz interior?** Nunca havia pensado nisso. Seu coração estava cheio de incertezas, e o mundo ao seu redor parecia tão vasto que ele se sentia pequeno, insignificante.
Percebendo sua hesitação, o guardião entregou-lhe uma lanterna e disse:
— Pegue-a e caminhe pela vila. Observe os rostos das pessoas, escute suas histórias e veja onde sua luz pode fazer diferença. Quando entender, volte aqui.
O jovem desceu e percorreu as ruas com a lanterna acesa. Viu uma mulher solitária que há tempos não sorria, um artesão desanimado por acreditar que sua arte era inútil, uma criança que tremia de medo da escuridão.
Sem perceber, ele começou a iluminar—não com a chama da lanterna, mas com sua presença, suas palavras, sua escuta. Ele ofereceu conforto, esperança e um simples olhar de compreensão.
Quando retornou ao observatório, seus olhos brilhavam de uma forma diferente. O guardião olhou para ele e perguntou:
— O que encontrou?
— Descobri que a luz que buscamos fora já existe dentro de nós — respondeu o jovem. — Quando reconhecemos isso, não precisamos tentar brilhar. **Apenas iluminamos**.
O velho guardião assentiu, olhando para o céu.
— Então, finalmente, você entendeu o segredo das estrelas.
Naquele instante, sob o céu infinito, o jovem percebeu que ele também era uma estrela—não porque desejava ser, mas porque **sempre foi**.
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*"Esta parábola é uma obra original, criada para fins reflexivos e inspiracionais. Sua construção foi baseada em metáforas universais sobre iluminação interior e jornada de autodescoberta, sem vínculo direto com narrativas preexistentes. Todos os direitos autorais pertencem a Roberto Ikeda."*